segunda-feira, 8 de abril de 2013

31 de Maio - Visitação de Nossa Senhora


REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Frei Carlos Mesters, O.Carm.

31 de Maio - Visitação de Nossa Senhora



1) Oração

Ó Deus todo-poderoso, que inspirastes à Virgem maria sua visita a Isabel, levando no seio o vosso Filho, fazei-nos dóceis ao Espírito Santo, para cantar com ela o vosso louvor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho   (Lucas 1, 39-56)

39Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. 40Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. 41Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. 43Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? 44Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio.45Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas! 46E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor,47meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, 48porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, 49porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. 50Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. 51Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. 52Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. 53Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. 54Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, 55conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre.
56Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa.

3) Reflexão   Lucas 1,39-56
*  Hoje, festa da visitação de Nossa Senhora, o evangelho fala da visita de Maria à sua prima Isabel. Quando Lucas fala de Maria, ele pensa nas comunidades do seu tempo que viviam espalhadas pelas cidades do império romano e lhes oferece em Maria o modelo de como devem relacionar-se com a Palavra de Deus. Certa vez, ao ouvir Jesus falar de Deus, uma mulher do povo exclamou: "Feliz o seio que te carregou, e os seios que te amamentaram". Elogiou a mãe de Jesus. Imediatamente, Jesus respondeu: "Mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática" (Lc 11,27-28). Maria é o modelo da comunidade fiel que sabe ouvir e praticar a Palavra de Deus. Descrevendo a visita de Maria a Isabel, ele ensina como as comunidades devem fazer para transformar a visita de Deus em serviço aos irmãos e às irmãs.
*  O episódio da visita de Maria a Isabel mostra ainda um outro aspecto bem próprio de Lucas. Todas as palavras e atitudes, sobretudo o cântico de Maria, formam uma grande celebração de louvor. Parece a descrição de uma solene liturgia. Assim, Lucas evoca o ambiente litúrgico e celebrativo, em que Jesus foi formado e em que as comunidades devem viver a sua fé.
*  Lucas 1,39-40: Maria sai para visitar Isabel
Lucas acentua a prontidão de Maria em atender às exigências da Palavra de Deus. O anjo lhe falou da gravidez de Isabel e, imediatamente, Maria se levanta para verificar o que o anjo lhe tinha anunciado, e sai de casa para ir ajudar a uma pessoa necessitada. De Nazaré até as montanhas de Judá são mais de 100 quilômetros! Não havia ônibus nem trem.
*  Lucas 1,41-44: Saudação de Isabel
Isabel representa o Antigo Testamento que termina. Maria, o Novo que começa. O Antigo Testamento acolhe o Novo com gratidão e confiança, reconhecendo nele o dom gratuito de Deus que vem realizar e completar toda a expectativa do povo. No encontro das duas mulheres manifesta-se o dom do Espírito que faz a criança estremecer de alegria no seio de Isabel. A Boa Nova de Deus revela a sua presença numa das coisas mais comuns da vida humana: duas donas de casa se visitando para se ajudar. Visita, alegria, gravidez, criança, ajuda mútua, casa, família: é nisto que Lucas quer que as comunidades (e nós todos) percebamos e descubramos a presença do Reino. As palavras de Isabel, até hoje, fazem parte do salmo mais conhecido e mais rezado da América Latina, que é a Ave Maria.
*  Lucas 1,45: O elogio que Isabel fez a Maria
"Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor vai acontecer". É o recado de Lucas às Comunidades: crer na Palavra de Deus, pois ela tem força para realizar aquilo que ela nos diz. É Palavra criadora. Gera vida nova no seio de uma virgem, no seio do povo pobre e abandonado que a acolhe com fé.
*  Lucas 1,46-56: O cântico de Maria
Muito provavelmente, este cântico já era conhecido e cantado nas Comunidades. Ele ensina como se deve rezar e cantar. Lucas 1,46-50: Maria começa proclamando a mudança que aconteceu na sua própria vida sob o olhar amoroso de Deus, cheio de misericórdia. Por isso, ela canta feliz: "Exulto de alegria em Deus, meu Salvador".  Lucas 1,51-53: Em seguida, canta a fidelidade de Deus para com seu povo e proclama a mudança que o braço de Javé estava realizando a favor dos pobres e famintos. A expressão "braço de Deus" lembra a libertação do Êxodo. É esta força salvadora de Deus que faz acontecer a mudança: dispersa os orgulhosos (1,51), destrona os poderosos e eleva os humildes (1,52), manda os ricos embora sem nada e aos famintos enche de bens (1,53).  Lucas 1,54-55: No fim, ela lembra que tudo isto é expressão da misericórdia de Deus para com o seu povo e expressão da sua fidelidade às promessas feitas à Abraão. A Boa Nova veio não como recompensa pela observância da Lei, mas como expressão da bondade e da fidelidade de Deus às promessas. É o que Paulo ensinava nas cartas aos Gálatas e aos Romanos. 
O segundo livro de Samuel conta a história da Arca da Aliança. Davi quis colocá-la em sua casa, mas ficou com medo e disse. "Como virá a Arca de Javé para ficar na minha casa?" (2 Sam 6,9) Davi mandou que a Arca fosse para a casa de Obed-Edom. "E a Arca de Javé ficou três meses na casa de Obed-Edom, e Javé abençoou a Obed-Edom e a toda a sua família" (2 Sam 6,11). Maria, grávida de Jesus, é como a Arca da Aliança que, no Antigo Testamento, visitava as casas das pessoas trazendo benefícios. Ela vai para a casa de Isabel e fica lá três meses. E enquanto está na casa de Isabel, ela e toda a sua família é abençoada por Deus. A comunidade deve ser como a Nova Arca da Aliança. Visitando a casa das pessoas, deve trazer benefícios e graça de Deus para o povo.

4) Para um confronto pessoal
1) O que nos impede de descobrir e de viver a alegria da presença de Deus em nossa vida?
2) Onde e como a alegria da presença de Deus está acontecendo hoje na minha vida e na vida da comunidade?

5) Oração final

Minha alma, bendize o Senhor
e tudo o que há em mim, o seu santo nome!
Minha alma, bendize o Senhor,
e não esqueças nenhum de seus benefícios. (Sl 102, 1-2)







14 de Maio - São Matias Apóstolo



REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Frei Carlos Mesters, O.Carm.

14 de Maio - São Matias Apóstolo



1) Oração

Ó Deus, que associastes são Matias ao colégio apostólico, concedei, por sua intercessão, que, fruindo da alegria do vosso amor, mereçamos ser cotados entre os eleitos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho   (João 15, 9-17)
Naquele tempo disse Jesus: 9Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor. 11Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa. 12Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. 13Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. 14Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando. 15Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai. 16Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda.17O que vos mando é que vos ameis uns aos outros.

3) Reflexão   Jo 15,9-17
*  Hoje é a festa do apóstolo Matias. O Evangelho João 15,9-17 já foi meditado na sexta-feira da 5ª Semana da Páscoa. Vamos retomar alguns pontos que já foram vistos naquele dia.
*  João 15,9-11: Permanecer no amor, fonte da perfeita alegria. 
Jesus permanece no amor do Pai observando os mandamentos que dele recebeu. Nós permanecemos no amor de Jesus observando os mandamentos que ele nos deixou. E devemos observá-los com a mesma medida com que ele observou os mandamentos do Pai: “Se vocês obedecem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como eu obedeci aos mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor”.  É nesta união de amor do Pai e de Jesus que está a fonte da verdadeira alegria: “Eu disse isso a vocês para que minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa”.
*  João 15,12-13: Amar os irmãos como ele nos amou.
O mandamento de Jesus é um só: "amar-nos uns aos outros como ele nos amou!" (Jo 15,12). Jesus ultrapassa o Antigo Testamento. O critério antigo era: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Lv 18,19). O novo critério é: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". Aqui ele disse aquela frase que cantamos até hoje: "Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão!"
*  João 15,14-15 Amigos e não empregados
"Vocês serão meus amigos se praticarem o que eu mando", a saber, a prática do amor até à doação total de si!  Em seguida, Jesus coloca um ideal altíssimo para a vida dos discípulos e das discípulas. Eles diz: "Não chamo vocês de empregados mas de amigos. Pois o empregado não sabe o que faz o seu patrão. Chamo vocês de amigos, porque tudo que ouvi do meu Pai contei para vocês!"  Jesus já não tinha mais segredos para os seus discípulos e suas discípulas. Tudo que ouviu do Pai contou para nós! Este é o ideal bonito da vida em comunidade: chegarmos a uma total transparência, a ponto de não haver mais segredos entre nós e de podermos confiar totalmente um no outro, de podermos partilhar a experiência que temos de Deus e da vida e, assim, enriquecer-nos mutuamente. Os primeiros cristãos conseguiram realizar este ideal durante alguns anos. Eles "eram um só coração e uma só alma" (At 4,32; 1,14; 2,42.46).  
*  João 15,16-17: Foi Jesus que nos escolheu  
Não fomos nós que escolhemos Jesus. Foi ele que nos encontrou, nos chamou e nos deu a missão de ir e dar fruto, fruto que permaneça. Nós precisamos dele, mas ele também quer precisar de nós e do nosso trabalho para poder continuar fazendo hoje o que fez para o povo na Galiléia. A última recomendação: "Isto vos mando: amai-vos uns aos outros!"

4) Para um confronto pessoal
1) Amar o próximo como Jesus nos amou. Este é o ideal de cada cristão. Como isto está sendo vivido por mim?
2) Tudo que ouvi do meu Pai contei para vocês. Este é o ideal da comunidade: chegar a uma total transparência. Como isto está sendo vivido na minha comunidade?

5) Oração final
Louvai, ó servos do Senhor,
louvai o nome do Senhor.
Bendito seja o nome do Senhor,
agora e para sempre.




3 de Maio - São Felipe e São Tiago Apóstolos



REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Frei Carlos Mesters, O.Carm.

3 de Maio - São Felipe e São Tiago Apóstolos

1) Oração


Ó Deus, vós nos alegrais cada ano com a festa dos apóstolos são Felipe e são Tiago. Concedei-nos, por suas preces, participar de tal modo da paixão e ressurreição do vosso Filho que vejamos eternamente a vossa faze. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho segundo João (Jo 14,6-14)

Naquele tempo, Jesus disse a Tomé: 6Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. 7Se me conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu Pai; desde agora já o conheceis, pois o tendes visto. 8Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta. 9Respondeu Jesus: Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai... 10Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras. 11Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa destas obras. 12Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai. 13E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. 14Qualquer coisa que me pedirdes em meu nome, vo-lo farei.

3) Reflexão  - Jo 14,6-14

*  João 14,6: Eu sou o caminho, a verdade e a vida.
Tomé tinha feito a pergunta: "Senhor, não sabemos para onde vai. Como podemos conhecer o caminho?" (Jo 14,5). Jesus responde: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida! Ninguém vai ao Pai senão por mim”. Três palavras importantes. Sem caminho, não se anda. Sem verdade, não se acerta. Sem vida, só há morte! Jesus explica o sentido. Ele é o caminho, porque "ninguém vem ao Pai senão por mim!" Pois, ele é a porta, por onde as ovelhas entram e saem (Jo 10,9). Jesus é a verdade, porque olhando para ele, estamos vendo a imagem do Pai. "Se vocês me conhecem, conhecerão também o Pai!" Jesus é a vida, porque caminhando como Jesus caminhou, estaremos unidos ao Pai e teremos a vida em nós!
*  João 14,7: Conhecer Jesus é conhecer o Pai. Jesus acrescentou: “Se vocês me conhecem, conhecerão também o meu Pai. Desde agora vocês o conhecem e já o viram". Jesus sempre fala do Pai, pois o Pai era a vida dele e transparecia em tudo que ele, Jesus, falava e fazia. Esta referência constante ao Pai provoca a pergunta de Filipe, cuja festa hoje celebramos.
*  João 14,8-11: Filipe pergunta: "Mostra-nos o Pai, e basta!"  Ver e experimentar o Pai era o desejo dos discípulos e das discípulas; era o desejo de muitas pessoas nas comunidades do Discípulo Amado da Ásia Menor e, até hoje, continua sendo o desejo de muitos de nós. Como experimentar a presença do Pai de que Jesus fala tanto? A resposta de Jesus é muito bonita e vale até hoje: "Filipe, tanto tempo estou no meio de vocês, e você ainda não me conhece! Quem me vê, vê o Pai!" A gente não deve pensar que Deus está longe de nós, como alguém distante e desconhecido. Quem quiser saber como é e quem é Deus Pai, basta olhar para Jesus. Ele o revelou nas palavras e gestos da sua vida! "O Pai está em mim e eu estou no Pai!" Através da sua obediência, Jesus está totalmente identificado com o Pai. Ele a cada momento fazia aquilo que o Pai mostrava que era para fazer (Jo 5,30; 8,28-29.38). Por isso, em Jesus tudo é revelação do Pai! E os sinais ou as obras de Jesus são as obras do Pai! Como diz o povo: "O filho é a cara do pai!" Em Jesus e por Jesus, Deus está no meio de nós.
*  João 14,12-14: Promessa de Jesus.  Jesus faz uma promessa para dizer que a intimidade dele com o Pai não é privilégio só dele, mas é possível para todos e todas que crêem nele: Eu garanto a vocês: quem acredita em mim, fará as obras que eu faço, e fará maiores do que estas, porque eu vou para o Pai. O que vocês pedirem em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se vocês pedirem qualquer coisa em meu nome, eu o farei. Nós também, através de Jesus, podemos chegar a fazer coisas bonitas para os outros do jeito que Jesus fazia para o povo do seu tempo. Ele vai interceder por nós. Tudo que a gente pedir a ele, ele vai pedir ao Pai e vai conseguir, contanto que seja para servir. Jesus é o nosso defensor. Ele vai embora, mas não nos deixa sem defesa. Ele promete que vai pedir ao Pai para Ele mandar um outro defensor ou consolador, o Espírito Santo (Jo 14,15-17). Jesus chegou a dizer que ele precisa ir embora, pois, do contrário, o Espírito Santo não poderá vir (Jo 16,7). É o Espírito Santo que realizará as coisas de Jesus em nós, desde que peçamos em nome de Jesus e observemos o grande mandamento da prática do amor.

4) Para confronto pessoal

1) Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Sem caminho, sem verdade e sem vida não se vive. Procure deixar isto penetrar na sua consciência.
2) Duas perguntas importantes: Quem é Jesus para mim? Quem sou eu para Jesus?

5) Oração final

Narram os céus a glória de Deus,
e o firmamento anuncia a obra de suas mãos.
O dia ao outro transmite essa mensagem,
e uma noite à outra a repete (Sl 18).



1º de Maio - São José Operário



REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Frei Carlos Mesters, O.Carm.

1º de Maio - São José Operário

1) Oração


Ó Deus, criador do universo, que destes aos seres humanos a lei do trabalho, concedei-nos, pelo exemplo e proteção de são José, cumprir as nossas tarefas e alcançar os prêmios prometidos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho segundo Mateus (Mt 13,54-58)

54Foi para a sua cidade e ensinava na sinagoga, de modo que todos diziam admirados: Donde lhe vem esta sabedoria e esta força miraculosa? 55Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? 56E suas irmãs, não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois, tudo isso? 57E não sabiam o que dizer dele. Disse-lhes, porém, Jesus: É só em sua pátria e em sua família que um profeta é menosprezado. 58E, por causa da falta de confiança deles, operou ali poucos milagres.

3) Reflexão - Mt 13,54-58

*  Hoje, na festa de São José operário, o evangelho descreve como foi a visita de Jesus em Nazaré, sua cidade, onde conviveu durante 30 anos e aprendeu de José, seu pai, a profissão de carpinteiro. A passagem por Nazaré foi dolorosa para Jesus. O que antes era a sua comunidade, agora já não é mais. Alguma coisa mudou. No evangelho de Marcos, esta experiência de rejeição por parte do povo de Nazaré (Mc 6,1-6ª) levou Jesus a mudar sua prática pastoral. Ele envia seus discípulos em missão e dá-lhes instruções de como relacionar-se com as pessoas (Mc 6,6b-13).
*  Mateus 13,54-57ª:  Reação do povo de Nazaré frente a Jesus.
Jesus se criou em Nazaré. Quando iniciou sua pregação ambulante, saiu de lá e fixou domicílio em Cafarnaum (Mt 4,12-14). Após longa ausência, voltou para sua terra e, como de costume, no dia de sábado, foi para a reunião da comunidade. Jesus não era coordenador, mesmo assim tomou a palavra e começou a ensinar o povo que estava na sinagoga. Sinal de que as pessoas podiam participar e expressar sua opinião. Mas o povo não gostou das palavras dele. O Jesus, que eles tinham conhecido desde criança, já não parecia ser o mesmo. Como é que ele ficou tão diferente? Lá em Cafarnaum o povo aceitava o ensinamento de Jesus (Mc 1,22), mas aqui em Nazaré o povo se escandalizou. Eles diziam: "De onde vêm essa sabedoria e esses milagres? Esse homem não é o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs, não moram aqui conosco? Então, de onde vem tudo isso?"  Eles não aceitaram o mistério de Deus presente num homem comum como eles! Para poder falar de Deus Jesus teria de ser diferente deles! Não deram conta de crer nele. Nem tudo foi bem sucedido para Jesus. As pessoas que deveriam ser as primeiras a aceitar a Boa Nova, de Deus estas eram as que mais se recusavam a aceitá-la. O conflito não era só com os de fora de casa, mas também e sobretudo com os próprios parentes e com o povo de Nazaré.
*  Mateus 13,57b-58:  Reação de Jesus diante da atitude do povo de Nazaré.
Jesus sabe muito bem que “santo de casa não faz milagre”. Ele diz: "Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família". De fato, onde não existe abertura nem fé, ninguém pode fazer nada. O preconceito o impede. Jesus, mesmo querendo, não podia fazer nada. O evangelho de Marcos diz expressamente: “Jesus não pôde fazer milagres em Nazaré. Apenas curou alguns doentes, pondo as mãos sobre eles. E ele admirou-se da incredulidade deles” (Mc 6,5-6).
*  Os irmãs e as irmãs de Jesus.
A expressão “irmãos e irmãs de Jesus” é causa de muita polêmica entre católicos e protestantes. Baseando-se neste e em outros textos, os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que Maria teve outros filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O que pensar disso? Em primeiro lugar, as duas posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição das suas respectivas Igrejas. Por isso, não convém brigar nem discutir esta questão com argumentos só de cabeça. Pois trata-se de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com o sentimento de ambos. Argumento só de cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração! Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não concordo com a opinião do outro, devo sempre respeitá-la. Em segundo lugar, em vez de brigar em torno de textos, nós todos, católicos e protestantes, deveríamos unir-nos bem mais para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé, pelo desrespeito à natureza. Deveríamos lembrar algumas outras frases de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância”(Jo 10,10). “Que todos sejam um, para que o mundo creia que Tu, Pai, me enviaste”(Jo 17,21). “Não o impeçam! Quem não é contra nós é a favor”(Mc 10,39.40). 

4) Para confronto pessoal

1. Jesus teve problemas com a sua família. Desde que você começou a participar na comunidade, alguma coisa mudou no relacionamento com sua família?
2. Jesus não pôde fazer muitos milagres em Nazaré. Por que a fé é tão importante? Será que Jesus não podia mesmo fazer milagre sem a fé das pessoas? O que significa isto hoje para mim?

5) Oração final

Antes que se formassem as montanhas,
e a terra e o universo fossem gerados,
desde toda a eternidade vós sois Deus (Sl 89).


29 de Abril - Santa Catarina de Sena


REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Frei Carlos Mesters, O.Carm.

29 de Abril - Santa Catarina de Sena


1) Oração

Ó Deus, que inflamastes de amor santa Catarina de Sena, na contemplação da paixão do Senhor e no serviço da Igreja, concedei-nos, por sua intercessão, participar do mistério de Cristo, e exultar em sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.


2) Leitura do Evangelho segundo Mateus (Mt 11,25-30)

Por aquele tempo, 25Jesus pronunciou estas palavras: Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos. 26Sim, Pai, eu te bendigo, porque assim foi do teu agrado. 27Todas as coisas me foram dadas por meu Pai; ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo. 28Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. 29Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. 30Porque meu jugo é suave e meu peso é leve.

3) Reflexão:  Mt 11,25-30

*  O contexto do Capítulo 11 de Mateus, no qual aparece o evangelho de hoje.
No Evangelho de hoje, Jesus acolhe os pequenos e manifesta o desejo de que os pobres encontrem descanso e paz. Por causa desta sua opção pelos pobres e excluídos, Jesus foi criticado e perseguido. Muita gente não foi capaz de entendê-lo. O próprio João Batista, que olhava Jesus com os olhos do passado, ficou na dúvida (Mt 11,1-15). O povo, que olhava para Jesus com finalidade interesseira, não soube como acolhê-lo (Mt 11,16-19). As grandes cidades ao redor do lago, que ouviram a pregação de Jesus e viram seus milagres, não quiseram aceitar a sua mensagem (Mt 11,20-24). Os sábios e doutores, que julgavam tudo a partir da sua própria ciência, não foram capazes de entendê-lo (Mt 11,25). Só os pequenos o entendiam e aceitavam a Boa Nova do Reino (Mt 11,25-30).
*  Mateus 11,25-26: O Evangelho revelado aos pequenos
Diante desta contradição que marcava a sua vida, Jesus fez esta prece: "Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequenos”.  Os sábios, os doutores, animados por uma idéia errada de Deus, tinham criado uma série de leis que eles impunham ao povo em nome de Deus. Mas a lei do amor, trazida por Jesus, dizia o contrário. O que importa, não é o que nós fazemos para Deus, mas sim o que Deus, no seu grande amor, faz por nós! O povo pobre, os pequenos, entendia esta mensagem de Jesus e ficava alegre. Os sábios achavam que Jesus estava errado. Eles não podiam entender tal ensinamento. E Jesus termina: Sim, Pai, assim foi do teu agrado!  É do agrado do Pai que os sábios e inteligente não entendam a mensagem. Se quiserem entende-lo, deverão fazer-se discípulos dos pequenos, dos pobres e excluídos.
*  Mateus 11,27: O Filho conhece o Pai e o revela a quem ele quer
Jesus, como Filho, conhece o Pai. Ele sabe o que o Pai queria quando, séculos atrás, entregou a Lei a Moisés. Aquilo que o Pai nos tem a dizer, Ele o revelou a Jesus, e Jesus o revela aos pequenos, pois estes se abrem para a sua mensagem.
*  Mateus 11,28-30: Vinde a mim vocês todos
Jesus convida a todos que estão cansados debaixo do peso das leis, das observâncias e dos impostos, e promete descanso. Ele diz: “Aprendam de mim que sou manso e humilde de coração”. Muitas vezes, esta frase foi manipulada para pedir ao povo submissão, mansidão e passividade. O que Jesus quer dizer é o contrário. Ele pede que o povo deixe de lado os professores de religião da época e comece a aprender dele, de Jesus, que é "manso e humilde de coração". Jesus não é como os escribas que se vangloriam de sua ciência, mas é como o povo que vive humilhado e explorado. Jesus, o novo mestre, sabe por experiência o que se passa no povo e o que o povo sofre. Jesus é o abrigo que o Pai oferece ao povo cansado!
* As comunidades da época de Mateus estavam numa travessia difícil e perigosa, saindo do mundo fechado das observâncias e dos sacrifícios para o mundo aberto do amor e da misericórdia. Também nós estamos numa travessia difícil para um novo tempo e uma nova maneira de sermos cristãos. O evangelho de hoje é um espelho do que se passa nas nossas comunidades. Nós também queremos que as nossas comunidades sejam um abrigo que o Pai oferece ao povo cansado e pobre. Para isto é importante que deixemos que o Pai tome conta de nossas vidas e que possamos dizer com Jesus: “Nós, filhos e filhas, conhecemos o Pai, e o Pai nos conhece!” Só assim poderemos ser uma presença contemplativa e profética no meio do povo pobre. 

4) Para confronto pessoal

1) A ciência pode ajudar e pode impedir de reconhecer e acolher a mensagem de Jesus. O que mais predomina na minha vida?
2) Os pequenos entendem e aceitam a mensagem. Já aprendi deles algo que eu não sabia?

5) Oração final

Nos céus, louvai o Senhor,
louvai-o nas alturas do firmamento.
Louvai-o, todos os seus anjos.
Louvai-o, todos os seus exércitos (Sl 148).


Santa Catarina de Sena, Virgem


Catequese do Papa Bento XVI, sobre Santa Catarina de Sena